Por isso, em qualquer país em que nos encontramos, o nosso primeiro compromisso é o de viver e o de promover uma espiritualidade de comunhão: construir relações de fraternidade, com os povos aos quais somos enviados, torna-se o nosso primeiro anúncio, de um Deus que é Pai e que cuida de seus filhos.
Nas raízes… um chamado
Na origem da nossa história, há um grupo de jovens e uma intensa experiência de amizade, que ergue-se a partir da Palavra de Deus, meditada, vivida e compartilhada.
“Estávamos dispostos a oferecer nossas vidas para testemunhar, a todos, aquela imagem de Deus vivo, que havíamos descoberto e que havia transformado nossas jovens vidas”, relata Nina Cadeddu, quem também afirma: “Não se tratava de um projeto humano, mas de um chamado de Deus para ser acolhido e pelo qual valia a pena deixar todo o resto”.
Desde então, este chamado continuou a atrair jovens, adultos e famílias que, em diferentes lugares, permanecem fascinados pela mesma descoberta: a vida da Trindade não ficou escondida nos séculos, mas pode ser traduzida e vivenciada no dia a dia, através de relações de reciprocidade e de vida fraterna.
A minha vida foi feita para ser doada
“Meus pais eram pequenos comerciantes e, devido a uma falência, eles se viram trabalhando na terra para sustentar a família. Muitas vezes, em casa, faltava até mesmo o necessário para viver, mas as dificuldades não conseguiram nos roubar a alegria de uma vida fundada na confiança em Deus e na oração conjunta. Quando eu tinha quatorze anos, ouvi o chamado de Deus pela primeira vez, mas a necessidade de procurar um emprego para ajudar a minha família sufocou aquela sementinha. Então, larguei a escola e comecei a trabalhar como pedreiro.
Três anos depois, fui para a Costa do Marfim onde, poucos meses após, conheci a Comunidade Missionária de Villaregia. Passando em frente à igreja, vi alguns missionários que estavam trabalhando e resolvi ajudá-los. Posteriormente, um deles me propôs conhecer o grupo missionário e, assim, comecei minha jornada com eles. O que me impressionou, desde o primeiro momento, foi o acolhimento e a alegria daqueles missionários.
Durante uma noite de oração, percebi que minha vida foi feita para ser doada e que eu não podia apenas pensar nos problemas dos meus pais, enquanto milhões de irmãos ainda esperavam para conhecer o amor de Deus. A reação da minha família foi uma surpresa: aceitaram, alegremente, a escolha de me consagrar, embora meu trabalho fosse um importante suporte para eles. Há 15 anos, sou missionário e sacerdote: e pude servir na Itália, no Peru e na Costa do Marfim. Hoje, estou em Ouagadougou, Burkina Faso”.
Pe. Martin Ouedraogo – Missionário
Um, para que o mundo creia
Uma palavra do Evangelho guia o nosso caminho: “como tu, ó Pai, estás em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. ” (João 17,21).
A vida da Trindade, a comunhão que circula entre Pai e Filho no Espírito Santo, também pode ser vivida e encarnada na fragilidade das relações humanas. Não é uma realidade espetacular, mas cotidiana, feita de acolhimento, de pequenos gestos de partilha, na integração de talentos, de perdão e de mútuo encorajamento.
A Comunidade torna-se, assim, um espaço vital e aberto onde cada um pode sentir-se em casa, experimentar a alegria de sentir-se amado e poder amar, além de encontrar a presença de Deus, viva, trabalhando entre os homens.
Deus em primeiro lugar
“Desde o início da nossa experiência, fomos inspirados por essa forma de ser uma comunidade, ideal que caracterizou os primeiros cristãos. Percebemos que amar uns aos outros, com simplicidade e alegria de coração, unidos no nome do Senhor, era possível se cada um colocasse Deus em primeiro lugar.
Trabalhando juntos, no dia a dia, enfrentando os pequenos ou grandes inconvenientes de uma experiência que se iniciava do zero. Buscando superar as inevitáveis dificuldades ditadas pela diversidade, redescobrimos irmãos e irmãs para além dos laços de sangue.”.
Marilena Desougus – Missionária
Deus entre nós
“Em um dos primeiros encontros na comunidade, foi dito que Deus se faz presente onde as pessoas se amam. Uma verdade nova para nós, mas que, imediatamente, intrigou-nos e nos fascinou.
Estávamos passando por um momento difícil em nossa vida de casados: o diálogo entre nós estava quase se acabando e falávamos apenas para apontar as faltas um do outro.
Decidimos, no entanto, darmo-nos uma nova oportunidade, começando pelas coisas mais simples: agradecer, pedir desculpas, ouvir um ao outro. Daquele momento em diante, tudo tomou um rumo diferente. Uma nova alegria e paz entraram na nossa casa e os primeiros a notá-las foram nossos filhos. Compreendemos que poderíamos tornar Deus presente em nosso relacionamento se optássemos por amar-nos, um ao outro. Nossos esforços, nossas dificuldades não haviam desaparecido, mas havia mudado, definitivamente, a forma de lidar com eles. A única tensão em comum era a de permanecer no amor para preservar aquela presença sagrada.
Este encontro especial nos levou, mais tarde, a olhar mais longe, para os irmãos mais necessitados. Hoje, com os nossos sete filhos, somos uma família missionária que quer testemunhar e anunciar, à humanidade, a beleza de viver com a presença de Deus.”.
Renza e Luciano – Casal missionário
Comunidade internacional
A Comunidade assume o rosto de uma família internacional. A convivência entre irmãos de várias nacionalidades nos permite experimentar a fraternidade universal, uma “academia” para aqueles que, rompendo as fronteiras do parentesco e da terra de origem, treinam, diariamente, para expandir o coração a todo o mundo.