Em Burkina Faso, a situação social das mulheres era muito difícil e, em comparação com os homens, estavam mais expostas à pobreza, às injustiças, às enfermidades, à discriminação e à grave falta de acesso aos recursos e aos serviços básicos.
Por isso e devido a essas situações tão desiguais, buscamos desenvolver e fomentar projetos de empoderamento feminino. Remetendo ao sentido da palavra, o verbo “empoderar” significa “reconhecer-se como um ser humano em contínuo trabalho de transformação e que, ao transformar-se, transforma o mundo”.
Logo, o objetivo central era de atuar, positivamente, na vida dessas mulheres, garantido escuta à sua voz, assegurando o reconhecimento de seus saberes e experiências, disponibilizando um lugar de investimento para suas aspirações, necessidades e opiniões e que, finalmente, pudessem participar, ativamente e com influência, dos processos de tomada de decisões.
Ainda que, com poucos anos de presença nessa comunidade, em Ouagadougou, Burkina Faso, os primeiros resultados desse trabalho já foram sentidos a partir da concretização, junto à população, dessas primeiras iniciativas. As mulheres tornam-se, a cada etapa, mais independentes, investindo equidade e domínio sobre sua própria vida, melhorando não apenas as suas condições sociais, mas também a de seu povo.
Projeto "Alimentos para Todos"
Lançado em 2019, seu grande objetivo era responder às necessidades da população que vivia em nossa missão em Ouagadougou, Burkina Faso.
Por meio da nossa ligação em rede com os comitês de vizinhança, também cientes da situação social das famílias na região, identificaram-se 150 mulheres as quais necessitavam de apoio para começar e/ou reforçar os microempreendimentos (pequenas empresas) informais.
Após muitos esforços e dedicação, observamos, nos primeiros anos, resultados muito encorajadores. Nossas iniciativas, nesse sentido, bem como todo o trabalho comunitário, possibilitaram a essas mulheres tornarem-se promotoras de atividades geradoras e, como consequência dessas novas posições, libertaram-se da dependência de ajuda externa. Apoiaram-se em suas próprias famílias, recuperando a autoconfiança e melhorando a sua autoestima.
O projeto tinha, como enfoque, as seguinte ações:
- Formação em microfinanciamentos;
- Formação em gestão empresarial;
- Acompanhamento dos beneficiários no início do projeto;
- Financiamento da atividade comercial.
Levando em conta as necessidades dos beneficiários, as formações abordam os temas escolhidos segundo a metodologia do GERME (“Gerir Melhor a sua empresa”), um método muito utilizado em Burkina Faso.
No primeiro ano de implementação, ajudamos as mulheres nas seguintes áreas:
- Agricultura e pecuária (23 mulheres);
- Comércio (54 mulheres);
- Produção de tecidos (33 mulheres);
- Pequeno catering (42 mulheres);
- Cabeleireiro (2 mulheres).
Projeto Alfabetização
Algum tempo após a chegada em Ouagadougou, Burkina Faso, realizamos um estudo humanístico sobre os problemas sociais da região e, através deste, percebemos a forte necessidade de ofertarmos cursos de alfabetização para mulheres cujas idades compreendiam a faixa dos 15 aos 30 anos. Isso porque o analfabetismo afetava, principalmente, a população feminina, condição que as acompanhava até a idade adulta, o que exigiu medidas veementes que se dirigissem à educação alfabetizadora desse público.
Assim, nasceu o projeto de alfabetização, o qual ofereceu, a suas participantes: a) cursos de gramática; b) francês oral e escrito; c) leitura; d) matemática; e) história e g) geografia. Contemplou-se, portanto, não apenas a atividade alfabetizadora, de fato, mas também a formação introdutória, à semelhança de uma escola primária. Suas aulas se realizavam de segunda a sexta-feira, no período noturno, tendo-se em vista outras obrigações e o papel social dessas mulheres em sua comunidade.
No entanto, dentre algumas objeções, havia a questão das instalações que, inexistentes, faziam nosso trabalho depender de contratos de aluguéis em escolas públicas, cujos materiais já dispostos (mesas, lousas, etc.) eram utilizados nesses cursos, além de beneficiar, também, as crianças durante o período matutino de aulas.
Pensamos, em integrar, ao longo do tempo, também, a formação destinada a:
- Desenvolver o microcrédito e o empreendedorismo, iniciando atividades geradoras de renda;
- Melhorar a educação alimentícia infantil, com a oferta de cursos nutricionais;
- Formar nosso público sobre os direitos das mulheres trabalhadoras.
Com essas diversas iniciativas de empoderamento a fim de promover uma condição social mais igualitária, o alcance foi tão grande que já, nos dois primeiros anos do projeto, 300 mulheres da comunidade já haviam participado dos cursos ofertados.
